Este tipo de pavimento foi desenvolvido para uso em áreas urbanas, principalmente dentro das cidades, mas também pode ser aplicado em áreas rurais e propriedades públicas ou privadas de diferentes tamanhos. Exemplos de uso incluem ruas e avenidas de tráfego leve a pesado, paradas de ônibus, corredores exclusivos, BRTs, marginais, viadutos, pontes, túneis, regiões portuárias, vias rurais, estradas vicinais, pátios, pistas de pouso, helipontos, estacionamentos residenciais, comerciais e industriais, terminais diversos, obras de infraestrutura agrícola ou pecuária, ciclovias e passeios, entre outros.

Os pavimentos podem ser projetados conforme a norma ABNT PR1011: Projetos de pavimentos urbanos em concreto. Eles podem ser:

• Pavimentos de concreto simples: placas moldadas in loco, sem armaduras para resistir a momentos de flexão.
• Pavimentos armados: placas moldadas in loco com reforços de tela soldada (barras de aço) para resistir a momentos de flexão.
• Pavimentos reforçados com fibras: placas moldadas in loco com reforços de fibras estruturais para resistir a momentos de flexão.

Os pavimentos de concreto podem ser projetados e construídos a partir do subleito (solo existente) ou sobre um pavimento existente (asfalto, pedras ou pavimento intertravado). Quando aplicados sobre pavimentos existentes, são conhecidos como whitetopping, com características definidas pela análise estrutural do pavimento original. Também podem recobrir antigos pavimentos rígidos, técnica conhecida como overlay. Em ambientes urbanos, conforme o nível ou cota do pavimento existente, eles podem ser fresados, raspados ou removidos para a aplicação do novo pavimento de concreto, conhecido como pavimento inlay, mantendo a cota final do pavimento anterior.

Normalmente, o projeto de pavimentos considera uma vida útil mínima de 20 anos, durante a qual o pavimento deve resistir ao tráfego projetado sem sofrer fadiga ou erosão nas placas, evitando a perda de sua funcionalidade. Nesse período, é essencial realizar acompanhamento, manutenção e, se necessário, reabilitação. O projetista tem a liberdade de definir o tempo mínimo de projeto e as estimativas de tráfego. Se o tráfego real for menor que o estimado, a durabilidade do pavimento pode superar significativamente o tempo mínimo projetado. Vale lembrar que seu ciclo de vida é cerca de 5 vezes maior que do asfalto.

Os materiais utilizados nas camadas inferiores (subleito e base) das placas de concreto geralmente são provenientes da região da obra. Para a execução das placas de concreto moldadas no local, que são compostas por cimento, areia, pedra, água, aditivos e adições, além de materiais complementares como filme plástico, barras e telas de aço, fibras, produtos de cura, selantes e formas, utilizam-se materiais de origem totalmente nacional, facilmente acessíveis e disponíveis em todo o Brasil.

Os concretos utilizados nos pavimentos urbanos de concreto terão suas características determinadas pela tipologia adotada (concreto simples, armado ou reforçado com fibras), pelo tipo de obra e pelos equipamentos de aplicação e adensamento. Usado em todo o país, o concreto deve atender às condições definidas no projeto, incluindo resistência característica mínima à tração na flexão, consumo mínimo de cimento, relação água/cimento máxima, abatimento conforme as necessidades do equipamento e condições da obra, dimensão máxima do agregado conforme a espessura da placa, teor de ar incorporado, exsudação aceitável e teor de argamassa adequado ao equipamento utilizado na aplicação.

A escolha dos equipamentos deverá ser feita conforme as condições da obra e de preferência no período de desenvolvimento do projeto. O prazo para execução da obra e a logística de abastecimento do concreto, ajudam na escolha dos equipamentos de aplicação e adensamento do concreto, itens mais relevantes no processo. Conforme a produtividade necessária poderão ser escolhidos equipamentos de pequeno porte, tais como régua vibratória, treliça vibratória ou rolo giratório, sendo estes de fácil manuseio e adaptável a qualquer tipo de obra, com produtividade entre 100 e 200 metros lineares dia, passando por equipamento como laser screed, de médio porte, ou a utilização de vibroacabadora de forma deslizante que possui produtividade de até 700 metros lineares dia, em ambientes urbanos. Outros acessórios completam o conjunto de ferramentas, sendo todos de uso individual como, float, rodo de corte, vassoura para texturização, bomba costal para cura química, vibradores de imersão, serras de disco para corte, entre outros.

As condições de trânsito são fundamentais para determinar o tempo de liberação e uso do pavimento urbano de concreto, devendo ser definidas no projeto. A resistência característica mínima à tração na flexão (fctM,k), utilizada para calcular as espessuras do pavimento, é projetada para ser atingida em 28 dias após a concretagem. O projetista deve definir a resistência que o concreto deve atingir para a liberação ao trânsito, considerando a necessidade de tempo para uso, e as empresas de tecnologia do concreto devem formular uma composição para atender a essa exigência. Para usos imediatos, o concreto pode ser preparado para liberação após 10 horas do início da concretagem, embora as liberações mais comuns em ambientes urbanos ocorram entre 3 e 7 dias.

Diversos fatores contribuem para avaliar a competitividade dos pavimentos de concreto, destacando-se o custo de construção e o custo de manutenção ao longo de sua vida útil. Estudos indicam que, para tráfegos leves, os pavimentos de concreto já são competitivos em termos de custo de construção. À medida que a intensidade do tráfego aumenta, a competitividade dos pavimentos de concreto se destaca ainda mais, podendo gerar economias de até 20% em comparação com pavimentos flexíveis. Além disso, quando se considera o custo de manutenção ao longo do período de projeto, os pavimentos de concreto podem ser até 35% mais econômicos, a valor presente, em relação aos pavimentos flexíveis. É importante notar que os pavimentos de concreto geralmente são projetados para uma vida útil de 20 anos, enquanto os pavimentos flexíveis são projetados para 10 anos. Cada obra possui suas particularidades, portanto, uma análise detalhada é essencial para determinar esses percentuais de ganho.

Vale lembrar que as próprias placas do pavimento de concreto absorvem as cargas dos veículos, transmitindo-as minimamente para a fundação, o que evita danos a tubulações mais antigas. Se houver necessidade de abrir o pavimento para substituição de redes subterrâneas ou de placas danificadas, os procedimentos de reabilitação e especificação dos serviços são simples e comparáveis aos de outros tipos de pavimentos, conforme normas de diversos órgãos rodoviários. Para isso, demarca-se o local da abertura, preferencialmente executando o corte sobre uma junta já existente para manter a placa com o mesmo formato após os serviços. Após o corte e remoção do concreto antigo, realizam-se os serviços necessários e procede-se à aplicação do novo concreto, buscando nivelar com as demais placas do pavimento. Atualmente, muitos projetos preveem a instalação das tubulações próximas às calçadas para evitar a paralisação do trânsito.

O pavimento de concreto é reconhecido como uma opção sustentável, conhecida como pavimento verde, devido às suas características de produção e conservação de recursos naturais. Este sistema proporciona uma qualidade de rolamento superior, pois não apresenta deformações plásticas, trilhas de rodas ou buracos, eliminando a necessidade de operações frequentes de tapa-buracos e recapeamentos. Isso reduz congestionamentos e emissões de CO₂ dos veículos parados, minimizando o desperdício de combustível e a poluição. Ao exigir pouca manutenção e promover a economia de combustível, o pavimento de concreto se torna uma solução ambientalmente sustentável, com benefícios adicionais em termos de segurança e menor desgaste dos veículos. Sua resistência à aquaplanagem aumenta a segurança em dias de chuva, enquanto sua coloração clara à base de cimento melhora a visibilidade e reduz o consumo de energia elétrica pública em até 30% devido à maior reflexão da luz. Além disso, o pavimento de concreto pode ser reciclado e reutilizado em novas construções, contribuindo para a economia circular e a redução do impacto ambiental.

Além dos efeitos do forçamento radiativo, as altas propriedades refletivas do pavimento de concreto também contribuem para a redução do impacto de ilhas de calor urbanas, pois refletem os raios solares em vez de absorvê-los e irradiar calor. Estudos conduzidos pela ACPA investigaram o impacto da absorção de radiação solar em ambientes urbanos, comparando pavimentos de concreto e pavimentos flexíveis. Ao longo do dia, a superfície de asfalto permaneceu mais quente do que o pavimento de concreto. Observou-se que a temperatura do ar próximo à superfície do asfalto era de 1° a 4°C mais alta do que nas faixas de tráfego adjacentes ao pavimento de concreto. Além disso, foi constatada uma diferença de até 17°C na temperatura da superfície entre o pavimento flexível e o pavimento de concreto.